sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Contingência 

Uma vida
vários amores,
os possíveis
e os necessários ,
os circunstanciais,
e os imparciais,
amores previsíveis
e os impossíveis ,
os fiéis,
os que nos deixam de pé ,
os que nos bambeiam as pernas ....
M Isis  #poesia do dia 


quinta-feira, 27 de agosto de 2015


De repente, 50

E de repente você acorda e se pega fazendo 50 anos!
Fazer 50 anos não é fácil, é quase mágico, você olha para traz e percebe que já viveu um bocado . Quanta coisa já viu, já conheceu, já realizou, já amou, Já errou, já acertou .... E como foi rápido! Ao mesmo tempo, ao olhar pra frente , percebe ainda um monte possibilidades, desejos e vontades de experimentar, sentir, pegar, realizar, conhecer, ousar....
E se os 20 são a casa da pressa ( eles sempre acham que o mundo vai acabar amanhã), os 30 a casa da ansiedade , os 40 a casa do balanço , os 50 talvez sejam a casa da conquista. 
Aos cinquenta a gente já sabe o que quer , o caminho já percorrido nos dá a sensação de conquista realizada, nós ainda temos muito chão pela frente mas já fizemos coisas importantes :  a maioria de nós já criou os filhos, já escolheu uma profissão, já casou , talvez descasou , casou de novo, mas já amou o suficiente para saber que não dá pra viver sem amor....
Então é hora de se reinventar para os próximos 50. Se cuidar, comer menos e andar mais, ler , ouvir música, pensar , talvez ouvir mais e falar menos, a compreensão fica mais fácil, os dias mais bonitos  e em  agosto tem amoras . Uma época de menos urgências . Aos 50 a gente já sabe o que pode, e que não pode tudo , aprende que tem que deixar fluir o curso da vida, que pouca coisa nos pertence além daquilo que carregamos no peito... Pensando bem, talvez os 50 sejam a casa da simplicidade , aquele momento em que a maturidade adquirida nos permite errar com menos pesar, retornar com menos culpa e seguir com mais segurança rumo ao que nos deixa feliz. 
M Isis  fazendo 50 anos hoje! 🎂😄👏🏻🎉🎈🙏🏻

quarta-feira, 12 de agosto de 2015



Dos pais que eu tive!


Ao longo da vida tive vários pais, aprendi a amar todos eles.
O pai que me levava ao parque e ao circo e esquecia a chave  do carro lá dentro , e era uma luta descolar um araminho  mágico para nos salvar, sujas e exaustas de tanto brincar. 
O pai que nos trazia doces do centro da cidade no fim do dia . Cocada e quindim vinham numa caixinha branca carregados como pequenas jóias  que eram ofertadas as filhas. Ás vezes junto aos doces vinha um livrinho de história e um disquinho daqueles vermelhinhos . Também nos trazia trenzinhos ,embora fôssemos duas meninas , ( o menino viria uns anos depois). Tive aquele pai sempre pronto a levar , buscar, na escola, na festa,passar aqui e acolá , carregando as filhas e quem mais se acomodasse na Variant II
Sempre lindo e perfumado tive um pai que adorava ler jornal e discutir política , além de jogar muito buraco com nossos amigos e namorados .  Era assim muito próximo , transformando -se no pai que seus filhos precisavam, depois tornou-se um avô inigualável . 
Hoje o pai é outro, suas memórias se foram como as folhas amareladas do outono. Da memória e daqueles tempos pouco lhe restou, mas quando nos olhamos o reconheço , e ele em mim parece reconhecer o mais importante , o que ficou,  sem nome , sobrenome ou referências de quem sou, reconhece meu afeto e meu amor. Aprendemos com o passar do tempo que embora já não sejamos os mesmos,o nosso amor aceita qualquer versão.
M Isis 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Tocando em frente ( 🎶 ando devagar porque já tive pressa....🎶)

Ela sabia que teria que decidir e embora soubesse, isso não amenizava o peso da sua decisão . Aliás, quem disse? Ela poderia simplesmente fugir, ou fingir que não ouvia o telefone . O telefone estava mudo, mas com certeza tocaria.
O fim de tarde sempre era um bom momento para pensar, talvez o momento fosse propício para isso. E então ela liga o som, bem alto, seria para aquietar seus pensamentos?
Retoca a maquiagem, batom e um café, o café esfriou. 
Tantas vezes pensou em ir mas desistiu diante do medo, medo da vida, medo do desconhecido, medo da dor. Engraçado temer a dor diante do sofrimento , parece ironia.
Diante de tanto medo ela se questionava se temia a si mesma ou aos seus instintos, aqueles que mantemos aprisionados para não nos assustar.
O telefone toca tão alto que ela se assusta , era engano, procuravam em tal de Claudio, ela nem conhecia nenhum Cláudio,na  sala vazia somente ela e suas dúvidas. 
Poderia desmarcar, dizer que não ia, que tinha um compromisso.... É certo que não havia planejado nada, as coisas foram acontecendo meio sem querer, parecia brincadeira, brincadeira de criança  em adultos é sempre coisa séria.... Será? 
Um olhar  pela janela e o pardal  voando parece invadir seus pensamentos, a alegria do pardal, sua liberdade alada... Ela pensou em suas próprias asas, onde estariam? Hoje parecia só ter raízes , alguém nasce sem asas?
Sorriu , lembrando do primeiro olhar que trocaram , nem imaginava que causaria tanto pânico , as mãos que se tocaram a primeira vez e depois passariam a se procurar.
Por que não ir?  Por que tanto medo? Por que era tão difícil tornar a decisão mais leve? Talvez nem fosse para sempre.... Aquela velha estória de que " pra sempre sempre acaba ".
E o coração saltava forte a medida que o tempo passava , este mesmo tempo que ao passar cobra por nossas decisões. 
O telefone tocou, conforme previsto. O coração saltou, o imprevisto... E a decisão a ser tomada agora.
Ela atendeu o telefone calmamente , já não tinha dúvidas , um coração cheio de certezas decidiu. Retocou o batom, fechou a porta, apagou a luz, nem olhou pra traz, agora Iria em busca do que  a faria feliz! 
M Isis