Dali só se saía morto, dali todos saiam com os olhos lacrimejantes a enterrar seus mortos e junto a eles algumas certezas e esperanças.... Última morada, último suspiro, última lua que se podia ver entre as frestas da janela de madeira apodrecida . Por isso eu queria ficar ali, por isso eu não queria sair da vila , por isso não queria ir pra cidade grande onde tubos e cabos poderiam aumentar meu viver já sem vida. Queria partir tragado pelas entranhas daquela terra onde nasci e me fiz gente. Olhar por aquelas janelas arrebentadas donde se podia ver a lua e com sorte até uma estrela cadente. Naquela terra amanheci quantas primaveras me foram destinadas e envelheci no tempo certo do inverno que nos acolhe a alma. Por vezes o outono me tocou com suas manhãs claras e frescas para mais um dia, outras o frio se apossou do meu espírito que permanecia na noite mesmo quando o amanhecer se fazia imponente. Nesta terra dei os primeiros passos acolhidos ora pelo vento pra pela chuva. A terra que recebeu meus joelhos machucados a cada queda e que sangrava comigo a cada mês , porque esta terra também é mulher . Terra sagrada onde me fiz moça e como fruta madura também envelheci. Terra que acolheu meus frutos e deu a eles e a mim a certeza do amanhã . Por isso meu queria ficar ali, mesmo sabendo que dali só saíam os mortos. E não era que eu tivesse me desapegado da vida , a vida é que tinha se desapegado de mim .
M Isis
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